domingo, 28 de março de 2010

Prazer pela metade (por Leila Ferreira)

Não há nada que me deixe mais
frustrada do que pedir sorvete de sobremesa,
contar os minutos até ele chegar e aí ver o
garçom colocar na minha frente uma bolinha
minúscula do meu sorvete preferido. Uma só.

Quanto mais sofisticado o restaurante,
menor a porção da sobremesa. Aí a vontade
que dá é de passar numa loja de conveniência,
comprar um litro de sorvete bem cremoso e
saborear em casa com direito a repetir quantas
vezes a gente quiser, sem pensar em calorias,
boas maneiras ou moderação.

O sorvete é só um exemplo do que
tem sido nosso cotidiano.

A vida anda cheia de meias
porções, de prazeres meia-boca,
de aventuras pela metade. A gente
sai pra jantar, mas come pouco.

Vai à festa de casamento,
mas resiste aos bombons.

Conquista a chamada liberdade sexual,
mas tem que fingir que é difícil
(a imensa maioria das mulheres
continua com pavor de ser rotulada de 'fácil').

Adora tomar um banho
demorado, mas se contém pra não
desperdiçar os recursos do planeta.

Quer beijar aquele cara 20 anos
mais novo, mas tem medo
de fazer papel ridículo.

Tem vontade de ficar
em casa vendo um DVD, esparramada
no sofá, mas se obriga a ir malhar. E por aí vai.

Tantos deveres, tanta preocupação
em 'acertar', tanto empenho em passar
na vida sem pegar recuperação...

Aí a vida vai ficando sem tempero,
politicamente correta e existencialmente
sem graça, enquanto a gente vai
ficando melancolicamente sem tesão...

Às vezes dá vontade de fazer
tudo 'errado' deixar de lado a régua,
o compasso, a bússola, a balança
e os 10 mandamentos.

Ser ridícula, inadequada, incoerente
e não estar nem aí pro que dizem e
o que pensam a nosso respeito. Recusar
prazeres incompletos e meias porções.

Até Santo Agostinho, que foi santo,
uma vez se rebelou e disse uma
frase mais ou menos assim:
'Deus, dai-me continência e castidade,
mas não agora'...

Nós, que não aspiramos à santidade
e estamos aqui de passagem,
podemos (devemos?) desejar várias
bolas de sorvete, bombons de
muitos sabores, vários beijos bem
dados, a água batendo sem pressa
no corpo, o coração saciado.

Um dia a gente cria juízo.
Um dia.
Não tem que ser agora.

Por isso, garçom, por favor,
me traga: duas bolas de sorvete de
chocolate, um sofá pra eu ver
10 episódios do CSI, Grey's Anatomy,
House ou Law and Order,
uma caixa de trufas bem macias
e o Richard Gere, nu, embrulhado
pra presente. OK?
Não necessariamente nessa ordem.

Depois a gente vê como é que
faz pra consertar o estrago.

Leila Ferreira é uma jornalista que adora colecionar histórias das loucuras e das manias femininas. É autora do livro Mulheres: Por que Será que Elas...?, da Editora Globo.

quinta-feira, 25 de março de 2010

DIVIDIDOS POR NATUREZA por Lobo Solitário

http://lobosolitariocom.blogspot.com/

Eu tenho um amigo que depois que casou e teve sua primeira filha, teve uns problemas no casamento e se separou. Até aí tudo normal, não tinha do que reclamar, pois era muito bom sair com ele. É o tipo de amigo que não te deixa na mão e sempre está antenado no que vc está pensando, então sempre nos dávamos bem com a mulherada. Mas tinha um problema, ele não parava de falar na ex, ou em arranjar uma nova namorada, pois estava desacostumado a ficar sozinho.

Pois é, o cara era o amigo perfeito para as saídas e passou a ficar com a cabeça em outro lugar, aliás, em uma pessoa, a sua ex. As brigas deles eram constantes, mas depois de um ano ele estava voltando para ela. Até aí tudo bem, se o cara estava feliz, eu também ficaria por ele. Pois é, voltou, e na primeira oportunidade que eles tiveram para matarem a saudade, se vcs me entendem, engravidou a mulher de sua segunda filha. Que ironia!

Depois de uns meses veio mais uma história interessante, ligava para mim e dizia que minha vida é que era boa, e como ele a invejava. Quer saber, não estava mais entendendo nada. O bem da verdade é que as vezes eu mesmo pensava que queria estar com uma namorada, e em outras não, que precisava de um tempo solteiro. Então passei a observar o povo com quem eu andava, e percebi que o sentimento era o mesmo, variando os casos, mas a mesma sensação.

O interessante disso tudo, acreditem, não é ficar filosofando sobre estar ou não estar com alguem, é não se perguntar se as mulheres por acaso não pensam ou sentem o mesmo. Sabe de uma coisa, eu não sei a resposta, mas por via das dúvidas acredito que sim. Acho que a maioria dos caras olha tanto pro próprio umbigo que esquece de ver ao redor, e aí, tome lamentação, aquela que já mencionei. Essa inconformação é uma espécie de DNA masculino, já veio de fábrica.

No fim, cada um que lide da melhor forma com essa questão, e tente equalizar seus desejos da melhor forma possível. Mas fica uma questão no ar, será a natureza masculina agindo no seu curso natural, ou simplesmente não sabemos o que queremos por natureza?

Postado por Wolf34 às Quarta-feira, Março 24, 2010

Novo Post do LOBO SOLITÁRIO (Reciclando as ideias)

A um tempo atrás, como já escrevi, parecia estar solto depois de uma pena de 13 anos, mesmo considerando os momentos bons. Mas no início a liberdade foi intensa e gasta na sua totalidade. Depois de um ano, o rítimo foi caindo, caindo, e vieram os trabalhos, uns nomoros de um a três meses, mas eu estava noutro rítmo. Como mencionei anteriormente, eu era um cego num tiroteio.

Depois de um ano, a rotina me fazia parecer um robô, e tudo pareceu ficar sem graça, pois com a lei seca e os amigos amarrados nas suas respectivas, tive que me virar, e aí é que veio mais um aprendizado para esse Lobo de 34 anos. Estando mais em casa do que antes, comecei a ter mais contato com meu sobrinho de 15 anos, e um amigo dele de 17. Para meu espanto, estava ficando cada vez mais junto deles, e quer saber, estava curtindo aquela nova forma de ver as coisas.

Não íamo-mos para baladas, esse não era a finalidade principal, e passamos a ir para cinemas e shoppings para apenas conversar e ver o movimento. Eu mesmo não acreditava que estava ali com dois adolescentes, e que eu tinha o dobro da idade de cada um. Mas a verdade é que era eu que estava aprendendo muito com eles, e ao mesmo tempo que entendia aquela idade deles e os dilemas, ia comparando com os da minha quando tinha a idade deles, estava me divertindo.

É claro que muita coisa mudou, e que nesse tempo pude ver como as relações entre meninos e meninas avançaram 1000 anos luz, fazendo eu parecer um teco-teco perante aqueles supersônicos adolescentes. Eu estava avaliando tudo, eles, eu, o que fazer, o que eu fiz, enfim, as relações que temos hoje nos dias corridos da semana. Realmete não esperava essa minha reação.

Mas no carnaval, festa que tanto gosto, pude ver o outro lado, aquele supersônico, sendo posto em prática. Nele as meninas se esforçavam para serem mais mulheres, e os garotos na sua eterna provação perante os amigos. Mas tudo muito mais intenso de quando eu tinha a mesma idade. Até os marmanjos da minha idade se aventuravam nas de 18 anos, me fazendo pensar onde estavam os macacos e onde teriam ficado os galhos de cada um. Pois é, cada macaco no seu galho.

No final, creio que aprendi mais do que previa imaginar, e para ser sincero nem imaginava ou cogitava aprender nada. Tudo veio naturalmente, e para mim foi muito bom, pois como não tenho filhos, vou acumulando milhagem para quando a alcatéia começar a crescer. Sempre dizemos que temos que ensinar os mais jovens, mas eu nunca esperava ter aprendido com eles. Valeu cada minuto.

Postado por Wolf34 às Terça-feira, Março 23, 2010

segunda-feira, 22 de março de 2010

... Por falar de "LOBO SOLITÁRIO"...

Lobo ou Lobo-Cinzento (Canis lupus) é o maior membro selvagem da família canidae. É um sobrevivente da Era do Gelo originário durante o Pleistoceno Superior, cerca de 300.000 anos atrás. Gostou?

Novo Post do LOBO SOLITÁRIO (21/03/2010)

http://lobosolitariocom.blogspot.com/

domingo, 21 de março de 2010
Escondendo as Inseguranças.



Quando comecei a escrever, não tinha uma ideia pré concebida do que iria colocar ali no papel, e simplesmente fui escrevendo coisas que aconteciam comigo. Não chegou a ser um diário, era mais uma forma de desabafar assuntos que não conversava com ninguém. Mas sempre mantive uma certa regularidade, até mesmo porque não levo jeito para escrever tudo que se passa comigo, além de achar a minha rotina meio parada e sem graça.

Um outro aspecto era a forma diferente de pensamentos entre eu e meus amigos de colégio, do qual não me sentia a vontade para falar sobre essas coisas, fato que entre as mulheres deve ser bem mais comum. Não chega a ser um medo, mas a possibilidade de vc virar motivo de brincadeiras por conta disso, me faziam guardar essa minha atividade só para meu proveito. É, quando se está entre seus 15 e 20 anos o cara tem que se mostrar bem no estilo padrão.

Imagino que algumas pessoas possam ler isso e pensar que estou generalizando, mas podem ter certeza, esse não é o caso. Mas uma verdade nisso tudo é que até um certo ponto de nossa juventude, aparência é mais que tudo, e o medo de cair no ridículo nos faz omitir certas coisas de nossos amigos. Não que eles fossem um bando de sacanas que pregam a ridicularização o tempo todo, mas a questão era que queríamos paquerar as meninas, e ser motivo de gozação era a última coisa que vc iria desejar na frente das mulheres.

Mesmo com todas essas questões, continuei e escrever e guardar meus pensamentos no anonimato, e nesses dias atuais, vejo que foi exatamente escrever o que sinto que me manteve livre de certos bordões masculinos, me deixando mais observador do que acontecia ao meu redor. Posso garantir para quem estiver lendo isso, que as provações masculinas são cheias de dificuldades, e quando escuto as mulheres falando delas, penso comigo mesmo: "Se elas soubessem".

É, agente esconde coisas pra caramba de nossas mulheres, namoradas, ficantes ou mesmo irmãs e mães. Somos muito orgulhosos ainda, fruto de certos comportamentos que vão sendo passados ao longo das gerações, mas de uma forma quase que instintiva. A maioria esmagadora dos homens ainda se sente no papel de ser o provedor, do chefe de família. E acreditem, tem horas que sem isso, a tal "estabilidade financeira", aquela que possibilitará ao homem prover, não iremos satisfazer a nós mesmos, quem dirias as mulheres.

Ei, como bom representante do sexo masculino não tiro a minha bunda da seringa, e afirmo que também estou nesse mesmo saco de farinha. Como escrevi outro dia, durante as milhares de saídas de mesas de bar com meus colegas, pude constatar que ainda estamos contaminados com essas obrigações, esses modelos de homens que se sentem na obrigação de se sair bem em tudo. Além de nossas próprias cobranças, ainda lidamos com outras frustrações que de uma forma ou de outra teimam em aparecem.

Com relação as mulheres, depois de tudo isso que escrevi acima, digo que procuro tentar entender esse universo tão singular, mas que esconde inúmeras surpresas. Basta dizer que se um cara estiver gamado em alguma mulher, ou garota, isso depende da idade, somos capazes das mais imprevisíveis ações e papéis que se possa imaginar. Agora, como solteiro convicto, afirmo que nunca vou saber como me portar perante elas, pois se ser o príncipe encantado tem suas vantagens, ser o lobo mau também apresenta grandes resultados.